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Presidentes Internacionais

 

1. Henry S. Olcott, 1875-1907

2. Annie Besant, 1907-1933

3. George S. Arundale, 1934-1945

 

4. C. Jinarājadāsa, 1946-1953

 

5. N. Sri Ram, 1953-1973

6. John Coats, 1973-1979

 

7. Radha Burnier, 1980-2013

8. Tim Boyd, 2014-

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Henry S. Olcott (1832 - 1907)

 

 

Henry Steel Olcott (1832–1907), Presidente-Fundador da Sociedade Teosófica, nasceu a 2 de Agosto de 1832 em Orange, Nova Jersey. É oriundo de uma antiga família puritana inglesa que há muitas gerações se fixara nos Estados Unidos.

 

Primeiros Tempos

 

Não existe muita informação disponível sobre a primeira escolaridade de Henry Olcott, embora se saiba que estudou na Universidade de Nova Iorque, tendo-se especializado em ciência agrícola. Tinha apenas vinte e três anos quando o seu êxito no modelo de quinta de agricultura científica, que estabelecera em Newark, levou o governo grego a oferecer-lhe a cátedra de agricultura na Universidade de Atenas. Declinou a honra e fundou, no mesmo ano, The Westchester Farm School perto de Mount Vernon, Nova Iorque, considerada pioneira do atual sistema de ensino agrícola nacional.

 

Publicou o seu primeiro livro intitulado Sorgho and Imphee, canas de açúcar chinesa e africana, que conheceu sete edições. A publicação deste livro valeu-lhe a oferta da Direção do Departamento Agrícola em Washington, bem como ofertas para gerir duas enormes propriedades, o que ele declinou.

 

Em 1858, Olcott visitou a Europa pela primeira vez, sempre com o intuito da melhoria da agricultura. O relatório das suas conclusões foi publicado na Enciclopédia Americana Appleton. Reconhecido como perito, tornou-se correspondente americano do bem conhecido Mark Lane Express (Londres), editor agrícola associado do famoso New York Tribune e autor de outros dois livros sobre agricultura.

 

O seu trabalho para o governo americano

 

Quando rebentou a Guerra Civil Americana em 1861, a paixão de Olcott pela liberdade levou-o a alistar-se no Exército do Norte. Ficou inválido, mas, assim que recuperou, preparou-se para partir de novo para a fronte de batalha. Contudo, o governo, ao notar a sua capacidade e coragem, escolheu-o, pelo contrário, para conduzir um inquérito a algumas fraudes suspeitas no New York Mustering and Disbursing Office. Foram tentados todos os meios para estancar a sua resoluta investigação, mas, nem subornos, nem ameaças conseguiram impedir o determinado jovem oficial na condução de uma campanha mais perigosa do que enfrentar as balas sulistas no campo de batalha.

A sua coragem física ficara demonstrada na Guerra Civil; a sua coragem moral ficou ainda mais brilhantemente demonstrada ao lutar, durante quatro anos, através de uma tempestade de oposição e calúnia, até enviar o pior criminoso para a prisão de Sing Sing. O governo declarou que esta condenação foi tão "importante para o Governo como vencer uma grande batalha". Foi-lhe concedida autoridade ilimitada porque "se verificou ele não ter cometido nenhum erro passível de correção". O juiz advogado-geral do exército escreveu o seguinte:

"Não posso permitir que esta ocasião passe sem que lhe expresse, com toda a franqueza, o meu elevado apreço pelos serviços por vós prestados, enquanto na posse da difícil e responsável função da qual estais prestes a retirar-vos. Estes serviços foram significativamente marcados pelo zelo, pela capacidade e pela fidelidade inflexível para com o dever".

 

O Senhor Olcott tornou-se Coronel Olcott e Comissário Especial do Departamento de Guerra. Ainda se distingiu mais e, passados dois anos, foi indigitado Comissário Especial do Departamento Naval, no qual, com resoluto e inexorável zelo, expurgou o Departamento, reformou o sistema contabilístico, recebendo, no final, o seguinte testemunho oficial:

"Desejo dizer que nunca encontrei um cavalheiro incumbido de tão importantes deveres com maior capacidade, rapidez e confiança do que aquelas que por vós têm sido reveladas. Mais do que tudo isso, desejo testemunhar a vossa absoluta honestidade e integridade de caráter, as quais estou certo que caracterizaram toda a vossa carreira, e as quais, que eu tenha conhecimento, nunca foram atacadas. Que tenhais surgido, sem qualquer mancha na vossa reputação, quando assistimos à corrupção, audácia e poder dos muitos vilãos em posições elevadas, que haveis processado e punido, é um tributo de que bem vos podeis orgulhar e que mais nenhum homem, ocupando uma posição idêntica e executando serviços idênticos, conseguiu alguma vez levar a cabo".

Fundação da Sociedade Teosófica

O senhor Olcott foi aquele a quem Madame Blavatsky foi enviada pelo seu Mestre, para encontrá-lo, nos Estados Unidos - o homem por Eles escolhido para fundar, juntamente com ela, a Sociedade Teosófica, à qual deu a sua constituição democrática com total liberdade de pensamento, o que não existe em outras organizações espirituais. O restante tempo da sua vida foi passado a organizar a Sociedade Teosófica por todo o mundo. Trouxe para esta tarefa a folha imaculada dos serviços públicos prestados ao seu país, a sua vívida capacidade, o seu imenso poder de trabalho e um altruísmo, o qual, segundo Madame Blavatsky, ela nunca vira igualado fora do Âshrama dos Mestres.

O Coronel Olcott encontrou-se com Madame Blavatsky na Quinta dos Eddy, para onde ele fora enviado pelo New York Sun e pelo New York Graphic, no intuito de reportar as extraordinárias manifestações espiritualistas que ali aconteciam.

Tinha-se demitido do Departamento de Guerra, havia sido admitido na classe dos advogados e estava a receber um bom rendimento como consultor em alfândegas e casos de fazenda pública, quando era chamado. Abandonou aquele ofício e, no ano seguinte, fundou, com outros, a Sociedade Teosófica, da qual foi eleito Presidente vitalício. A sua alocução inaugural foi proferida no dia 17 de novembro de 1875, em Nova Iorque.

 

Na Índia​

Em 1878, os colegas partiram para a Índia e, durante algum tempo, residiram em Bombaim. O Coronel Olcott inspirou a primeira exposição de produtos manufacturados indianos, incentivando os indianos a usar as suas próprias mercadorias de preferência às estrangeiras. Na primeira Convenção da Sociedade Teosófica, na Índia, o movimento para a independência da Índia foi pela primeira vez proclamado. Numa Convenção posterior foi formado o Congresso Nacional Indiano. A vigorosa propaganda, agora prosseguida por toda a Índia, foi muito obstaculizada pela hostilidade do Governo, mas bem-vinda pelas massas de Hindus e Parses.

O prestígio de que o Coronel Olcott gozava nos EUA foi uma grande ajuda para o lançamento do trabalho teosófico na Índia, porque as autoridades desconfiavam das boas intenções dos teósofos quando desembarcaram em Bombaim, em 1879. De início, foram sujeitos a vigilância policial, mas quando o Coronel Olcott mostrou cópias das recomendações do Presidente Americano Hayes e da Secretaria de Estado, os aborrecimentos cessaram.

Um ano depois descobriu um dom para a cura natural e começou a viajar por toda a Índia, aliviando e curando as pessoas dos seus males. Mais tarde acabou com este serviço de cura, concentrando-se na difusão da Sabedoria Divina.

Revivescência do Budismo no Ceilão

Durante duzentos anos, ou mais, os budistas do Ceilão (Sri Lanka) lutaram por manter a sua religião sob o jugo dos soberanos cristãos ocidentais, aprendendo a aceitar as dificuldades implicadas no quererem agarrar-se à sua antiga fé.

Em 1880, o Coronel Olcott, juntamente com Madame Blavatsky e Damodar Mavalankar, foram a Galle (Sri Lanka), onde foram calorosamente recebidos. Ali abraçaram o budismo, aderindo a Pañcasila (os cinco preceitos do código de conduta do budismo). O Coronel Olcott escreveu o seguinte:

"O nosso budismo era o do Mestre-Adepto Gautama Buddha, que era identicamente a Religião-Sabedoria dos Upanishads arianos, e a alma de todas as antigas fés. O nosso budismo era, em suma, uma filosofia, não um credo."

Depois disso, Olcott entrou numa das mais importantes fases da sua vida ao abraçar a causa budista. A sua contribuição para a revivescência do budismo no Ceilão é da maior importância, bem como o seu movimento para a educação do povo.

A razão para a receção calorosa de Olcott e Blavatsky foi o facto de um membro dirigente da Sangha, um orador brilhante, Bikkhu Mogittuwatte Gunananda, que se correspondera com Mme Blavatsky em Nova Iorque, ter recebido um volume de Ísis Sem Véu, que ela lhe enviara, tendo traduzido algumas passagens para cingalês. Por conseguinte, as pessoas estavam conscientes do interesse dos teósofos pelas religiões orientais, especialmente pelo budismo.

 

O Coronel Olcott recorreu a uma estratégia de três vertentes para impedir a decadência prevalecente, nomeadamente o sistema de ensino budista, uma propaganda bem planeada e uma sólida organização. Isto ajudou a recuperar os direitos perdidos dos budistas.

Em 1880, existiam apenas duas escolas no Ceilão geridas pelos budistas. Devido aos esforços de Olcott, o número subiu para duzentas e cinco escolas e três faculdades, em 1907, ano em que ele morreu. É de salientar que não teve uma única escola com o seu nome.

O Coronel Olcott, acompanhado por um intérprete, viajava em carroça de bois até a aldeias longínquas, onde milhares se apinhavam para o ouvir. Mal podia descansar, pois as pessoas apareciam, mesmo em horas estranhas, para o verem.

 

Não tendo encontrado nenhum livro que oferecesse os ensinamentos em termos simples, compilou O Catecismo Budista, cujas versões cingalesa e inglesa apareceram a 24 de julho de 1881, dia da Lua Cheia de Asala. O livro tem sido objeto de muitas edições, em varias línguas, continuando a ser procurado.

Assim começou a grande reviviscência do Budismo no Ceilão. Então, o Coronel Olcott desenhou a bandeira budista, que é usada em todo o mundo como símbolo de unidade religiosa. A bandeira consiste nas "seis cores" que se diz constarem da aura de Buddha. Olcott foi também o representante da causa budista junto do governo britânico e viu desagravadas as restrições impostas aos budistas, como a proibição de procissões, de escolas budistas, a melhor administração financeira das propriedades dos templos, etc.

Em 1889, os japoneses convidaram Olcott para visitar o Japão, onde permaneceu três meses e meio e proferiu setenta e seis palestras públicas a audiências que totalizaram cerca de 187.500 pessoas. Pediram-lhe que se fixasse no Japão, mas ele tinha trabalho a concretizar noutros sítios, incluindo a Birmânia (agora Myanmar).

Outra contribuição muito importante de Olcott para o budismo foi não só unir as escolas do norte e do sul, como também persuadir as várias seitas a darem o seu acordo às Catorze Propostas Fundamentais, formando uma plataforma comum.

Patrocinou a ida de Dharmapala ao Primeiro Parlamento Mundial de Religiões, realizado em Chicago, em 1893. Isto tornou conhecidos os ensinamentos de Buddha no mundo occidental. Também foi decisivo na fundação da Sociedade Maha Bodhi e ajudou a organizar o budismo na Índia, assim como em vários outros países.

A Sede Internacional em Adyar

Em 1882, os Fundadores adquiriram uma bonita propriedade em Adyar, perto de Madras (agora Chennai), onde fixaram a Sede da Sociedade Teosófica. O trabalho empreendido, desde 1875 até 1906, pode ser melhor avaliado pelo facto de, até ao ano 1906, o Presidente ter emitido 893 patentes a ramos da Sociedade Teosófica por todo o mundo.

Passou então a viajar pelo mundo, numa atividade incessante e esforçada, encorajando, aconselhando, organizando e sempre regressando com alegria à sua amada Adyar, para descansar e recuperar.

Muitas foram as dificuldades que este homem de coração de leão teve de enfrentar, mas, quer com boa reputação, quer com má reputação, ele trabalhava sem desfalecimento. Suportou com bravura e paciência o seu último e prolongado sofrimento na forma de doença física, enfrentando a morte com a mesma força com a qual enfrentara a vida, animado nas últimas semanas de vida pelas visitas dos grandes Sábios indianos, a quem devotara a força da sua virilidade e a dedicação da sua vida. Abandonou o plano físico a 17 de fevereiro de 1907, deixando atrás de si uma esplêndida obra monumental. O Coronel Olcott também deu um importante contributo ao Zoroastrismo e ao Hinduísmo. A sua mais valiosa obra escrita, especialmente no que concerne ao mundo teosófico, foi Old Diary Leaves, sem a qual pouco se teria sabido da história da Sociedade Teosófica.

 

Informação Biográfica

Presidente-Fundador da Sociedade Teosófica, 1875-1907. Nasceu a 2 de agosto de 1832, em Orange, Nova Jersey, EUA. Ganhou fama internacional, aos vinte e três anos, com o seu trabalho na quinta modelo de Agricultura Científica em Newark. Recusou a Cátedra de Agricultura na Universidade de Atenas oferecida pelo governo grego. Co-fundador da Westchester Farm School, perto de Mount Vernon, Nova Iorque, a primeira Escola Científica Americana de Agricultura. O seu primeiro livro Sorghum e Imphee tornou-se um manual escolar e proporcionou-lhe, aos vinte e cinco anos, ofertas para uma missão governamental botânica em Caffraria, África do Sul, a Direção do Departamento Agrícola em Washington e gestão de duas enormes propriedades, ofertas que nunca aceitou. Aos vinte e seis anos viajou pela Europa no interesse da agricultura e o seu relatório foi publicado na Enciclopédia Americana. Tornou-se correspondente do Mark Lane Express (Londres), Editor Agrícola Associado (1858-60) do New York Tribune, tendo publicado mais dois livros sobre agricultura. Pelo seu serviço público na reforma agrícola recebeu duas medalhas de honra e uma taça de prata.

Enquanto repórter do New York Tribune, em 1859, Olcott esteve presente no enforcamento de John Brown e, embora com perigo considerável, desembaraçou-se do sigilo maçónico. Alistou-se no Exército do Norte e lutou na Campanha da Carolina do Norte, regressando inválido a Nova Iorque (1862-5). Foi recrutado como Comissário Especial do Departamento de Guerra e, mais tarde, do Departamento Naval para a investigação de fraudes. Recebeu um importante louvor pelo expurgo do Serviço Público e por limpar aqueles departamentos, com perigo de vida e de reputação. Em 1868, foi admitido na classe dos advogados. Exerceu até 1878, tendo-se especializado em casos alfandegários, de rendimento e seguros. Publicou um valioso relatório sobre seguros enquanto Secretário e Diretor Administrativo da Convenção Nacional de Seguros, uma conferência ou liga de funcionários estatais para codificar e simplificar as leis referentes aos seguros.

 

Um projeto de lei elaborado por Henry S. Olcott, e outro advogado, foi aprovado em dez legislaturas estatais. Como advogado teve como clientes: New York City, N.Y. Stock Exchange, Mutual Equitable Life and Continental Life Insurance Companies, Gold Exchange Bank, Panama Railways, The United Steel Manufacturers of Sheffield, Inglaterra. Também foi Secretário Honorário do Comité Nacional de Cidadãos, trabalhou com o governo francês para a primeira Exposição Internacional de Indústrias Mundiais; também trabalhou no Comité Internacional Italiano para que se erguesse uma estátua a Mazzini, em Nova Iorque. Foi nomeado pelo aposentado Secretário Adjunto do Tesouro e incluído em lista pelo Presidente Johnson, para suceder naquele lugar, mas aliou-se ao Congresso contra o Presidente e perdeu a nomeação. Era membro do Lotos Club e amigo íntimo de Mark Twain e de outros autores famosos.

Interessado no Espiritualismo desde os 19 anos, relatou os fenómenos psíquicos na Quinta dos Eddy em 1874 para o New York Sun e o New York Graphic. Cópias avulsas vendidas a $1 e sete editores a competirem pelos direitos de edição. Publicado como People from the Other World, em 1875, um dos primeiros livros sobre investigação psíquica, foi grandemente elogiado por Alfred Russel Wallace, FRS e por Sir William Crooks, FRS. Encontrou-se com Helena Petrovna Blavatsky, na residência dos Eddy e, juntos, lançaram-se em defesa da realidade dos fenómenos espiritualistas, ao mesmo tempo que tentavam purificar o movimento espiritualista do seu pendor materialista. Ajudou na preparação do livro dela Isis Sem Véu. Juntos fundaram a Sociedade Teosófica, em Nova Iorque, a 17 de novembro de 1875. Organizou a primeira cremação pública no E.U.A., em 1876. Em 1878, os Fundadores transferiram a Sede da Sociedade Teosófica para Bombaím, Índia. Antes de deixar solo Americano, H.S.O. recebeu, do Presidente dos E.U., uma carta autografada de recomendação a todos os Ministros e Consules dos E.U.; e, do Deparatamento de Estado, um passaporte diplomático especial e uma ordem para informar o Governo sobre praticabilidade de expandir os interesses comerciais do E.U. na Ásia. Realizou a primeira Exposição Swadeshi em Bombaím, 1879.

Enquanto Presidente da Sociedade Teosófica, defendeu na Índia, Ceilão, Japão, e em outros países orientais, a revivescência do hinduísmo, do budismo, do zoroastroísmo, do islão e de outras fés. Estimulou a revivescência do sânscrito. Uniu as seitas do Ceilão na Secção Budista da Sociedade Teosófica (1880); as doze seitas do Japão num Comité Conjunto para a promoção do Budismo (1889); Birmânia, Sião e Ceilão na Convenção dos Budistas do Sul (1891); e, por fim, o Budismo do Norte e do Sul através de assinaturas conjuntas nas suas Quatorze Proposições do Budismo (1891). Com uma delegação de budistas (1881), plantou no Templo Hindu de Tinnevelly a Árvore da Amizade, como o primeiro ato de fraternização, desde há centenas de anos, entre budistas e hindus. Fundou a Biblioteca de Adyar (1886), onde, pela primeira vez na história, estiveram unidos instrutores religiosos de hinduísmo, budismo, zoroastroísmo e do islão para abençoar uma causa comum.

Através da visão de H.S.O. foi desenvolvido o princípio de secções autónomas com uma Sede internacional. Num ano de cura mesmérica (1882-83), tratou seis mil doentes estropiados, surdos, mudos, cegos e loucos, com espantoso sucesso. Fundou as Olcott Harijan Free Schools para o ensino dos párias da Índia. Fundou, por toda a Índia, escolas hindus, Boy’s Aryan Leagues, e bibliotecas, e patrocinou e publicou Arya Bala Bodhini, para rapazes hindus. No Ceilão estabeleceu escolas para crianças budistas. Garantiu aos budistas do Ceilão liberdade religiosa e declarou Wesak um feriado público. Patrocinou uma conferência informal, em 1891, sobre a possibilidade de uma Sociedade Nacional Feminina na Índia. Planeou o Instituto de Ensino Tecnológico para o Marajá de Baroda (1888).

 

Palestrou e viajou anualmente pela causa da Sociedade Teosófica vários milhares de quilómetros, por terra e por mar. Foi Membro Honorário de muitos clubes famosos e de sociedades ilustres. Recebeu uma bênção oficial do Papa Pio IX; foi abençoado pelos Grandes Sacerdotes Budistas do Ceilão, da Birmânia, de Sião e do Japão pelo seu trabalho para o budismo (em 1880 tomou Pancha Sheela como budista); e foi recebido na casta bramânica pelos notáveis serviços ao Hinduísmo.

Publicações 

Editor de The Theosophist, depois de H.P.B. ter partido para a Europa, em 1885; Catecismo Budista, quarenta e quatro edições (1938), traduzido em vinte línguas, manual usado internacionalmente; Old Diary Leaves, história da Sociedade Teosófica (em seis volumes); e muitos panfletos e artigos sobre Teosofia, religião, fenómenos psíquicos, etc. Morreu a 17 de fevereiro de 1907, em Adyar, tendo nomeado Annie Besat como seu successor.

 

 

Fontes

1.‘Henry Steel Olcott: A Buddhist Apostle’, Charles S. J. White, The Theosophist,Vol. 94, No.7, April 1973.

2.‘Colonel Henry Steel Olcott’, Annie Besant, The Theosophist, Vol. 127, No. 2, November 2005.

3.A Short History of the Theosophical Society, compiled by Josephine Ransom, TPH, 1989.

4.Reminiscences of Colonel H. S. Olcott, TPH, 2006.

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Henry Olcott

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Annie Besant (1847-1933)

 

 

 

Annie Besant (1847–1933), segundo Presidente da Sociedade Teosófica, desde 1907 até 1933, era descrita como uma “Alma de Diamante”, pois eram muitas as facetas brilhantes do seu caráter. Foi, no seu tempo, uma oradora extraordinária, defensora dos direitos do homem, educadora, filantropista e autora com mais de trezentos livros e panfletos publicados.

Também guiou milhares de homens e mulheres por todo o mundo na sua busca espiritual.

 

Primeiros Tempos

Annie Wood nasceu a 1 de outubro de 1847, tendo frequentado aulas particulares em Inglaterra, Alemanha e França. Era uma cristã devota. Aos vinte anos casou com um sacerdote inglês, o Rev. Frank Besant, Pastor de Sibsey, Lindonshire, com quem teve um filho, Arthur Digby, e uma filha, Mabel. Contudo, o despertar do seu caráter fê-la contestar vários dogmas cristãos. "Não era o desafio da falta de fé", como diria mais tarde Jinarajadasa, "mas antes o desafio de uma natureza altamente espiritual que desejava intensamente não só acreditar mas também compreender". Incapaz de encontrar lógica nas tradições cristãs, deixou a Igreja, em 1872, tornou-se uma livre pensadora e assim arruinou a sua posição social devido à sua paixão pela Verdade. Consequentemente, teve de separar-se do marido e do filho pequeno. Em 1879, matriculou-se na Universidade de Londres, prosseguiu os seus estudos em ciências, mas encontrou aí obstáculos devido aos preconceitos sexistas do tempo.

 

Filiou-se na Sociedade Nacional Secular, em 1874, e trabalhou nos movimentos radicais de pensamento livre de Charles Bradlaugh, MP. Foi, com ele, co-editora do National Reformer e, entre 1874 e 1888, escreveu muitos livros e panfletos políticos de pensamento livre. Nesta altura, o marido entrou com uma ação em tribunal para lhe retirar a filha pequena, alegando que ela era "inapta", por causa das suas ideias. Esta privação causou-lhe um profundo desgosto. Todavia, quando os filhos cresceram, tornaram-se admiradores devotados da mãe. Foi proeminente no movimento Trabalhista e Socialista, membro da Fabian Society e Social Democratic Federation e exerceu parte ativa no trabalho sindical, no meio dos trabalhadores não qualificados; com Herbert Burrows liderou com sucesso a greve das jovens raparigas vendedoras de fósforos até obter uma conclusão satisfatória.

 

Encontro com H. P. Blavatsky

Insatisfeita com a abordagem negativa do pensamento livre, a Senhora Besant começou a investigar o espiritualismo, o hipnotismo, etc. Nesta conjuntura, W.T. Stead, editor de The Review of Reviews, enviou-lhe A Doutrina Secreta, de Madame Blavatsky, para ela rever. À medida que ia lendo o livro, foi como se uma visão da verdade há muito perdida eclodisse na sua mente.

Pediu uma entrevista com a autora e toda a sua vida mudou à primeira vista de H.P.B. Abandonou as suas ideias seculares e também, em certa medida, a filosofia socialista, mas a nova luz que recebeu inspirou-a mais firmemente do que nunca para o serviço do mundo. A sua abordagem dos vários males do mundo alterou-se e começou a lidar com a raiz das causas à luz das leis que governam toda a existência.

A Sociedade Teosófica

Annie Besant filiou-se na Sociedade Teosófica a 21 de maio de 1889, foi uma estudante e ajudante dedicada de H.P.B., jurou a sua lealdade ao Presidente-Fundador Coronel H.S. Olcott e à causa teosófica. Tornou-se o expoente mais brilhante da Teosofia, quer como oradora. quer como autora. Em 1893, representou a Sociedade Teosófica, no Parlamento Mundial das Religiões em Chicago.

 

Na Índia

Em 1893, desembarcou na Índia, viajou pelo país na companhia de H. S. Olcott e, através da sua magnífica apresentação da filosofia Indiana e da sua patente preferência pessoal pela herança espiritual Indiana, ganhou o apoio dos Brahmans ortodoxos para com a Teosofia. A transformação da vida religiosa na Índia, particularmente entre os hindus, foi uma das maravilhas por ela conseguida. Era uma trabalhadora incansável pela elevação das mulheres e apelava incessantemente a uma mudança radical das condições sociais, embora nunca desejando qualquer modificação do temperamento da mulher indiana, o qual considerava um dos mais espirituais do mundo.

Em breve, reuniu à sua volta um grupo de indianos para trabalhar para a regeneração do país e, em 1898, depois de muito planeamento, fundou a Central Hindu School and College em Benares (agora Varanasi). Alguns anos depois, iniciou a Central Hindu School for Girls. Teósofos do ultramar vieram ajudá-la no trabalho da faculdade, que foi estabelecida com o objetivo de imprimir a glória passada da Índia nas mentes e corações dos estudantes. Um grupo brilhante de trabalhadores reuniu-se à sua volta, nomeadamente o Dr. Bhagavan Das, o seu irmão Govinda Das, Gyanendra Nath Chakravarti, Upendranath Basu, I.N. Gurtu e P.,K. Telang, todos trabalhando de forma gratuita. Mais tarde, a faculdade viria a ser o núcleo da Universidade Hindu e em reconhecimento dos serviços da Senhora Besant à educação na Índia foi-lhe conferido o grau de Doutora em Letras, em 1921.

 

Como o Lorde Baden-Powell considerava que os indianos eram inaptos para serem escoteiros, fundou o Indian Scout Movement em 1918, em que os rapazes usavam turbantes indianos. Quando Baden-Powell veio à Índia e viu o êxito do movimento criado por Annie Besant, inseriu-o no movimento mundial, passando ela a ser Comissária Honorária Escoteira para a Índia. Em 1932, Baden-Powell enviou-lhe, de Londres, a mais alta distinção escocesa, a medalha de Lobo de Prata.

Segundo Presidente da Sociedade Teosófica

Em 1907, depois da morte do Coronel H. S. Olcott, Annie Besant tornou-se o segundo Presidente Internacional da Sociedade Teosófica, cargo que ocupou até à sua morte, em 1933. A Senhora Besant sempre foi uma grande viajante, tendo visitado, no decurso do seu trabalho teosófico, praticamente todos os países europeus, mais do que uma vez, fazendo várias visitas aos Estados Unidos e Canadá, Austrália e Nova Zelândia. A sua enorme capacidade organizativa serviu para "tornar a Teosofia algo prático", sendo a ação o seu "slogan". Durante a sua presidência, a Sociedade cresceu consideravelmente com a adição de mais de trinta e seis Secções ou Sociedades Nacionais às onze iniciais.

 

A Dra. Besant continuou a viajar e a proferir conferências por toda a Índia, ocupando-se extensivamente da educação. Ramos da Sociedade Teosófica empreenderam a abertura de escolas, onde quer que pudessem. Também procurou atrair mulheres para o movimento, sempre que possível, porque naquele tempo as mulheres não eram encorajadas a participar na vida pública.

 

Nos seus magníficos livros apresentava explicações claras dos muitos enigmas da vida e do universo, tais como em Um Estudo sobre a Consciência, o qual é utilizado em algumas universidades como manual de estudo. Outra das suas obras mais relevantes, Cristianismo Esotérico, tem sido considerada um documento histórico e ajudou a reviver o verdadeiro conhecimento do cristianismo. As suas palestras nas convenções teosóficas, sobre as grandes religiões mundiais, foram transpostas para um valioso livro intitulado As Sete Grandes Religiões, onde são apresentados os núcleos dos ensinamentos de cada uma delas. A primeira edição da sua tradução inglesa do Bhagavadgitâ foi publicada em 1905.

 

A Dra. Besant era uma mística prática, exemplificando na sua vida e em todas as suas ações um sublime idealismo e uma verdadeira consciência religiosa – combinação raramente encontrada. Em 1908, anunciou a formação da Ordem Teosófica de Serviço, cujo objetivo era agrupar membros com o lema "União de todos os que Amam ao Serviço de todos os que Sofrem".

 

A partir de 1908, a Dra. Besant começou a ampliar a propriedade da sede em Adyar. Com o fim de ligar Adyar mais intimamente ao resto do mundo teosófico, deu início a The Adyar Bulletin, o qual se manteve até 1929. Atualmente, a Adyar Newsletter cumpre uma função idêntica.

 

Annie Besant e J. Krishnamurti

Uma nova fase da atividade da Dra. Besant teve início quando entrou em contacto com dois notáveis rapazes indianos e declarou que o mais velho, J. Krishnamurti, estava destinado a ser o veículo do "Instrutor Mundial", o Bodhisattva Maitreya. Em 1910, assumiu a guarda de J. Krishnamurti e do irmão e, apesar de grandes dificuldades, lançou-o na sua notável carreira.

 

A Senhora Besant via o seu papel na vida de Krishnamurti como o de um catalizador: "Amma nunca me disse o que fazer", recordou mais tarde com gratidão Krishnamurti. Ela apenas tentou prepará-lo para uma missão de regeneração mundial. Foi encorajado a encontrar-se com pessoas, a proferir palestras e orientar discussões. A Ordem da Estrela no Oriente foi organizada para pavimentar o caminho, para o trabalho muito especial que ele viria a fazer.

Trabalho Político para a Índia

Em 1913, teve início um novo período na vida de Annie Besant, quando se tornou ativa na política indiana e avançou com a proclamação da Home Rule (Autonomia política), para a Índia. Entrou na política porque viu que a independência da Índia era essencial para que a sua sabedoria antiga se tornasse um farol para todo o mundo. O movimento para a Autonomia, por ela organizado, espalhou-se por toda a Índia. Utilizou todos os seus recursos para trazer para a mesma plataforma comum da All India Home Rule League as duas secções do Congresso Nacional Indiano, que estavam divididas desde 1907.

 

Mais tarde, foi eleita Presidente do Congresso Nacional Indiano, inspirando os indianos com uma visão dinâmica do futuro da Índia. Dado que o governo britânico apenas suprimia a agitação, mas pouco fazia para remover os motivos de queixa, ela iniciou a Young Men’s Indian Association, em 1914, para os treinar para o serviço público e doou o Gokhale Hall em Madras como centro para o despertar nacional e liberdade de expressão. Também criou dois jornais: The Commonweal, um semanário que se ocupava de questões relativas à reforma nacional; e New India, jornal diário que durante quinze anos foi um instrumento poderoso na promoção da Home Rule e que revolucionou o jornalismo indiano.

 

Dez meses depois de ter iniciado o seu trabalho político rebentou a Grande Guerra. A Índia foi chamada a fazer grandes sacrifícios, que fez de boa vontade, embora nunca tenha sido proferida uma só palavra por qualquer político britânico sobre a contribuição da Índia. Foi este erro dos políticos britânicos que convenceu a Dra. Besant de que o trabalho político na Índia tinha de prosseguir e não podia ser alterado ou afrouxado, pelo facto de o Império estar em guerra. Em 1917, esteve presa durante três meses, por causa do seu êxito no suscitar o amor pela liberdade no povo indiano. Tomou por lema não só "malhar no ferro enquanto está quente", mas também "aquecê-lo, batendo-lhe". Ensinou os jornalistas indianos a escrever fortes artigos de fundo denunciando a ação do governo, embora sempre dentro da letra da lei. Enquanto Presidente do Congresso Nacional Indiano, fez do cargo um trabalho ativo, ao longo do ano, em vez de apenas lhe presidir durante as reuniões anuais de quatro dias, como era prática anterior.

 

A vida de Annie Besant foi de uma incrível atividade. Em 1918, dera início ao Madras Parliament, abriu o Madnapalle College (agora em Andhra Pradesh), inaugurou a Adyar Arts League, deu início à Home Rule League em Bombaím, inaugurou o Girls’ College em Benares, fundou a Order of the Brothers of Service, presidiu à Women’s Indian Association em Adyar – que deu origem à All-India Women’s Conference em Poona (agora Pune), em 1927, e a All-Asian Women’s Conference em Lahore, em 1931 – e deu início à Society for the Promotion of National Education (SPNE). Infelizmente, caiu em desgraça com o Congresso Nacional Indiano, devido à sua oposição ao plano de Gandhi de não cooperação e desobediência civil, pois previa o perigo de se instalar o desrespeito pela lei. Embora sentisse profundo respeito por Gandhi como alguém cuja vida era guiada pela verdade e compaixão, quanto a si permanecia do lado dos métodos constitucionais para se conseguir a reforma política. As políticas de Gandhi foram adotadas e o desastre, que ela previra, ocorreu em várias partes da Índia. Embora se tenha tornado impopular e perdido a sua posição de líder político, não deixou de prosseguir com o seu trabalho pela Índia.

 

Investigações Clarividentes

Aqueles que chegavam a um contacto íntimo com Annie Besant apercebiam-se dos seus poderes espirituais e conhecimento direto de muitos assuntos ocultos. Ela usava certos poderes ióguicos para investigar a natureza dos reinos supra-físicos, tendo vários livros sido escritos sobre este assunto recôndito, em colaboração com o seu colega C.W. Leadbeater. A Química Oculta representa uma notável peça escrita onde descrevem os elementos químicos por eles examinados. A primeira edição foi impressa em 1908, altura em que não parecia possível conciliar as suas observações com o conhecimento científico da estrutura do átomo daquele tempo, mas desenvolvimentos recentes naquele campo vieram sustentá-las. C. Jinarâjadâsa, antigo Presidente da Sociedade Teosófica, publicou, em 1951, uma terceira e ampliada edição da Química Oculta, contendo descrições de 111 átomos, incluindo 14 isótopos e as moléculas de 29 compostos inorgânicos e 22 compostos orgânicos. O físico teórico Dr. Stephen M. Phillips elaborou uma análise detalhada dos estudos de Besant-Leadbeater, em finais dos anos 70, na qual fornece uma explicação lúcida e uma reinterpretação daquelas observações, reconciliando-as com a física atual.

 

Últimos Dias

A 20 de setembro de 1933 a Dra. Besant deixou o seu corpo físico, em Adyar. A sua presidência abarcou vinte e seis anos cheios de um glorioso serviço dedicado à Sociedade Teosófica e à humanidade, tendo morrido como viveu – uma Alma guerreira. N. Sri Ram, que era seu Secretário, escreveu o seguinte tributo de homenagem:

 

"A Dra. Besant possuía uma alma fervorosa, generosa e nobre em tudo o que empreendia, em todos os objetivos e em todo o impulso interior. … Sei, por experiência pessoal, como impressionava as pessoas com o extraordinário magnetismo que parecia envolvê-la, a brilhante energia que parecia deixá-la ao fim do dia quase tão fresca como ao início."

 

Fontes

1.‘Dr Annie Besant’s Work for Education in India’, N. Sri Ram, The Theosophist, Vol.124, No.1, October 2002.

2.A Short Biography of Annie Besant, C. Jinarâjadâsa, TPH, Adyar, 1996.

3.The Indian Theosophist, Vol.103, No.10, October 2005.

4.‘Commemoration of Dr Besant’s Birthday’, N. Sri Ram, The Theosophist, Vol.78, No.2, November 1956.

5.Annie Besant, An Autobiography, TPH, Adyar, 1999.

 

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Annie Besant
George Arundale

 

 

 

 

 

 

 

 

 

George S. Arundale (1878 - 1945)

 

 

George Sydney Arundale (1878–1945) foi o terceiro Presidente da Sociedade Teosófica, entre 1934 e 1945. Era um líder  dinâmico e inspirador, estreitamente ligado a Annie Besant no seu trabalho multifacetado. C. Jinarâjadâsa, que lhe sucedeu, disse que Arundale "tipificava a Fraternidade em ação".

 

Primeiros Tempos

G. S. Arundale nasceu a 1 dezembro de 1878, em Surrey, Inglaterra. A mãe morreu ao dá-lo à luz, tendo George sido adotado pela tia, Francesca Arundale, a qual se filiara na Sociedade, em 1881, e que muitas vezes hospedava H. P. Blavatsky em sua casa, o que representava uma oportunidade para o jovem George com ela se encontrar. Foi educado, em parte, na Alemanha e, em parte, em Inglaterra. Em 1900, licenciou-se no John’s College, Cambridge. Dois anos depois, a convite da Dra. Beant, foi para a Índia com a tia, vindo a ser Professor de História no Central Hindu College, Benares (agora Varanasi). Em 1907, foi eleito Diretor da Central Hindu College School e, mais tarde, Reitor da Faculdade. Era muito popular tanto com os docentes, como com os estudantes, pois tinha um ótimo entendimento com a juventude, cujo bem estar sempre foi uma preocupação em toda a sua vida.

 

A Sociedade Teosófica

Arundale tornou-se membro do Ramo de Londres da Sociedade Teosófica, em 1895. Após completar os estudos na Universidade de Cambridg,e veio a ser Secretário Geral Adjunto da Secção Europeia da Sociedade Teosófica, tendo sido aí que conheceu Annie Besant.

 

Arundale proferiu a sua primeira palestra na Convenção de 1910, depois do que frequentemente proferia palestras nas Convenções teosóficas. Após um breve periodo como Secretário Geral da Sociedade Teosófica, em Inglaterra (1916-16), Arundale regressou à Índia, para auxiliar Annie Besant e B.P. Wadia durante três meses, em 1917. Em 1920, casou-se com Rukmini Devi, uma artista talentosa cujos dotes ele encorajou. Entre 1924 e 1926, foi Presidente do Sindicato Trabalhista de Madras, em cuja formação ele foi de capital importância, e através do qual garantiu um mais elevado salário mínimo e menos horas de trabalho para os trabalhadores.

 

Em 1925, tornou-se membro da Igreja Católica Liberal e, posteriormente, um dos seus Bispos. Nesse mesmo ano, ano do Jubileu de Ouro da Sociedade Teosófica, viajou intensamente na Europa, em nome da Sociedade, estudando as condições educativas, políticas e sociais. Entre 1926 e 1928, foi Secretário Geral da Secção Australiana, tempo durante o qual se esforçou por despertar a Austrália para a sua grandiosidade, tendo dado início à revista Advance Australia, para promover esse objetivo. Foi determinante, com a ajuda de outros, para o estabelecimento da primeira Estação de Rádio Teosófica 2GB.

 

Em 1927 deixou a Australia durante algum tempo para realizar um périplo de palestras, na Europa e nos Estados Unidos. O casal Arundale foi o hóspede de honra na Convenção Americana desse ano. Todos os anos, entre 1931 e 1934, empreendeu estes périplos, vitalizando grandemente o trabalho teosófico nos países que visitava.

 

Presidente da Sociedade Teosófica

Quando a Dra. Besant morreu, em 1933, o Dr. Arunale foi eleito Presidente da Sociedade Teosófica e, a partir de 1934, começou a trabalhar num Plano Setenário que incluía o desenvolvimento de Adyar e assegurava a solidariedade da Sociedade. No ano seguinte, com material publicitário bem preparado, lançou a Campanha "Teosofia Aberta" que encorajava o estudo dos princípios básicos teosóficos e que culmimou na bela Convenção do Jubileu de Diamante em Adyar, em 1935. Era pedido insistentemente às Lojas que nunca esquecessem o seu objetivo primordial de instruírem os membros na Teosofia, utilizando uma linguagem percetível. A campanha seguinte foi chamada "Há um Plano".

 

Em 1935, foram publicados três livros do Dr. Arundale, nos quais ele apontou a sua conceção dos valores humanos e espirituais: You; Freedom and Friendship e Gods in the Becoming. Em 1936, presidiu ao Quarto Congresso Teosófico Mundial, em Genebra, altura em que decidiu que a Terceira Campanha deveria ser "Compreensão", a qual, revelando ser um êxito, foi alargada até 1938. Depois dessa, o tema seria "Teosofia é o Próximo Passo", mas, como rebentou a 2.ª Grande Guerra, pouco pôde ser feito. Então, escreveu "Cartas" às Secções, que foram amplamente usadas e de grande utilidade. Em 1936, deu-se um visível crescimento do número de membros em várias Sociedades Nacionais, indicando que a vigorosa política do Presidente estava a dar frutos.

 

As Campanhas estavam a criar novo interesse e atividade. Em 1937, Arundale proferiu uma palestra sobre Yoga Simbólico, na Convenção, utilizando o seu material para as "conversas no telhado", em Adyar, e para as suas posteriores alocuções, quando em viagem pela Europa e América. Estas apareceram em forma de livro intitulado The Lotus Fire: a study in Symbolic Yoga. Contudo, devido aos condicionalismos da guerra, viajar para fora da Índia não era fácil. Os trabalhadores competentes e dedicados de cada Secção faziam avançar a Sociedade sob a sua direção. Mas por toda a Europa, Ramos após Ramo, Secção após Secção, foram obrigados a fechar. Cada vez mais o Dr. Arundale se dedicava ao lado interno do trabalho, num esforço para aliviar o sofrimento da humanidade. Numa tentativa de despertar as pessoas para um maior sentido de responsabilidade, iniciou um pequeno jornal semanal, em Madras, chamado Conscience.

 

Recebeu em Adyar a Dra. Maria Montessori e seu filho, Mário Montessori, que tinham vindo à Índia, mas que não podiam regressar a Itália, por causa da guerra. Durante a sua estada em Adyar, treinaram professores da Índia e de países vizinhos no bem conhecido método Montessori de educação infantil.

Em 1940, o Dr. Arundale organizou um Departamento para a Paz e Reconstrução para ter uma Carta para a Paz Mundial, quando a Guerra terminasse. Todos os anos enfatizava que os membros deviam difundir as "poderosas Verdades da Teosofia", viajou pela Índia e apoiou as instituições educativas e de artes, bem como as atividades de Rukmini Devi. Trabalhou arduamente para construir um melhor entendimento, por parte dos indianos, sobre a posição da Grã Bretanha no ocidente, e para uma atitude ainda mais liberal, por parte da Grã Bretanha, para com a Índia. Em 1941, foi conferido ao Dr. Arundale o grau honorário de Vidyâ-Kalânidhi, que significa "Depósito de Arte e Sabedoria", pela antiga e muito respeitada instituição Shri Bharat Dharma Mahamandal, Benares (agora Vârânasi), pelos seus "extraordinários méritos e excelentes qualidades". Os dois temas especiais do Dr. Arundale eram: a unidade da Índia e o desenvolvimento do grandioso em cada indivíduo.

 

Como Educador

Sempre interessado no desenvolvimento da juventude, o Dr. Arundale auxiliou na formação da Federação Mundial dos Jovens Teósofos, fundada em 1935, com Rukmini Devi como Presidente e ele como Presidente ex-officio Honorário. Em memória do amor da Dra. Besant pelos jovens, o Dr. Arundale estabaleceu, em 1934, em Adyar, a Besant Memorial School. Tinha sido criada uma Universidade Nacional sob os auspícios da Sociedade Teosófica, com o Dr. Rabindranath Tagore como Chanceler e Arundale veio a ser o Diretor do Training College for Teachers.

 

Ele inspirou-os, com a sua forma de pensar, sobre o ensino como profissão sagrada. Em 1926, foi Ministro da Educação, no estado principado de Indore. Foi, de facto, uma figura notável no campo educativo na Índia. A Universidade Nacional concedeu-lhe o grau de Doutor em Literatura, em apreciação pela sua obra. Desejava ver os ensinamentos teosóficos básicos influenciarem o processo educativo, usando o slogan "Educação para a vida, não como meio de vida". A sua conceção da tónica da educação na Índia era o serviço.

 

Últimos Dias

Em 1945, foi-lhe aconselhado total descanso, pois encontrava-se gravemente doente. Apesar de todo o cuidado e atenção de que era alvo,  morreu a 12 de agosto, quando se espalhava por todo o mundo a notícia de que a guerra tinha acabado. Um dos mais belos contributos para o trabalho da Sociedade feito pelo Dr. Arundale vem muito bem descrito num outro slogan por ele inventado – "Juntos mas Diferentes". Repetida e insistentemente enfatizava nos seus escritos e palestras que as diferenças de aspeto e de opinião só podiam enriquecer o trabalho da Sociedade Teosófica.

 

Outro importante contributo foi a importância que pôs na Teosofia "aberta e pura", na campanha que iniciou sob aquela designação. Impossível dizer qual das suas contribuições foi mais importante, mas as duas acima mencionadas provocaram indubitavelmente uma mudança absoluta nas mentes e corações dos membros e salientaram rigorosamente, uma vez mais, a liberdade do pensamento individual inerente aos ensinamentos teosóficos.

 

O Dr. Arundale era conhecido, não só pelo seu trabalho teosófico, como também pelo seu interesse na Maçonaria Mista e no movimento do escutismo indiano, tendo sido durante alguns anos Comissário Provincial para a Província de Madras. As suas muitas obras incluem: Kundalini: An Occult Experience, The Lotus Fire – A Study in Symbolic Yoga, Nirvâna, Mount Everest – A Book on Discipleship, e You.

 

 

Fontes

 

1.The Seventy-Fifth Anniversary Book of the Theosophical Society, Josephine Ransom, TPH, 2005.

2.The Theosophist, Vol. 66, No. 12, September 1945 (Commemorative Issue).

3.American Section, study course on Theosophy and Theosophical Society (Theosophical Society Archives).

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C. Jinarājadāsa (1875 - 1953)

 

 

Curuppumullage Jinarājadāsa (1875–1953),  quarto Presidente da Sociedade Teosófica, foi educado na Universidade de Cambridge, Inglaterra, e era um excecional linguista, que palestrou fluentemente em várias línguas europeias. Os seus muitos e amplos interesses incluíam religião, filosofia, literatura, arte, ciência e química oculta. Produziu valiosos esboços e notas, durante as investigações clarividentes de Annie Besant e C.W. Leadbeater, quanto à estrutura da matéria.

 

De todos os Presidentes foi ele quem mais viajou e foi grande o seu contributo para a disseminação da Teosofia em muitas partes do mundo.

Primeiros Tempos

Curuppumullage Jinarājadāsa nasceu a 16 de dezembro de 1875, no Ceilão (Sri Lanka), de pais budistas cingaleses. A sua ligação à Teosofia começou com a idade de treze anos, quando conheceu C.W. Leadbeater. Um ano depois acompanhou Leadbeater a Inglaterra, tendo aquele passado a ser seu precetor, bem como do filho do Senhor Sinnett. Em 1889, encontrou-se, pela primeira vez, com Madame Blavatsky. Tornou-se membro da Sociedade Teosófica a 14 de março de 1893, através do Ramo de Londres. Jinarâjadâsa entrou no St John’s College, Cambridge, em 1896 e, passados quatro anos, licenciou-se, com distinção, em Línguas Orientais, tendo também estudado Direito. Então, regressou ao Ceilão, onde se tornou Vice-Reitor (1900-01) do Ananda College em Colombo, fundado por Leadbeater. Em 1902 voltou à Europa para estudar literatura e ciência, na Universidade de Pavia, Itália. Em 1904, foi à América, onde iniciou a sua carreira de conferencista internacional da Sociedade Teosófica, dirigindo-se a públicos dos vários países do mundo, em inglês, francês, italiano, espanhol e português, durante quinze anos. Sendo um amante da arte e da beleza, Jinarâjadâsa promoveu o ideal de beleza na oratória, na escrita, na vida diária e também nas artes e ofícios.

 

Trabalho para a Sociedade Teosófica

Na Convenção de 1914, em Adyar, Jinarâjadâsa proferiu todas as quatro conferências que foram publicadas no livro Teosofia e Pensamento Moderno. Embora viajasse muito, estava todos os anos de volta a Adyar para proferir uma ou mais das palestras da Convenção, até ao fim da sua vida. Em 1916, casou-se com Dorothy M. Graham, a qual fundou, juntamente com Margaret Cousins, a Associação das Mulheres Indianas.

 

Foi Vice-Presidente da Sociedade, entre 1921 e 1928, quando a Dra. Besant era Presidente e, posteriormente, Agente Presidencial itinerante. Nos últimos anos de vida da Dra. Besant, cuidou dela com imensa dedicação. Durante os anos de Guerra, viveu em Inglaterra e estabeleceu um importante "Centro" de trabalho, em Londres.

 

Jinarâjadâsa foi editor da revista The Theosophist, em três ocasiões distintas – durante três meses, em 1917 enquanto a Dra. Besant esteve internada;  durante cerca de três anos, entre 1931 e 1933, aquando da sua última doença; e ao longo da sua presidencia da Sociedade, entre 1946 e 1953.

 

Quando o Dr. Arundale morreu, em 1945, Jinarâjadâsa foi eleito Presidente, cuja pesada função, apesar da sua pouca saúde, ele desempenhou com incessante trabalho para a Sociedade, de cuja história ele possuía um conhecimento único e exaustivo. Como Presidente, ele era o guardião dos Arquivos, possuindo um conhecimento íntimo dos seus preciosos conteúdos.

 

Como Presidente da Sociedade Teosófica

Como Presidente, durante os anos do pós-guerra, o Irmão Râjâ, como era afetuosamente chamado, tinha grande preocupação com Adyar, como era afetada pela escassez de trabalhadores, pela ocupação militar da fronteira oceânica e consequente tráfico público através da propriedade. Fez o melhor que pôde para libertar Adyar de todos os seus obstáculos e recupará-la para a sua anterior serenidade, enquanto centro do pensamento teosófico e símbolo da unidade da Sociedade, e para preservar o seu caráter internacional.

 

Em 1949, Jinarâjadâsa fundou a Escola de Sabedoria em Adyar para o estudo aprofundado dos ensinamentos teosóficos dados nos manuais, mas primeiramente porque o estudante conhecedor destas coisas podia, com visão alargada, "sentar-se no centro" do seu próprio ser e "apreciar abertamente" a sua compreensão do mundo dos homens e de suas questões. A Escola também deveria dedicar os seus estudos aos pensamentos dos grandes homens e suas questões, no sentido mais lato através das épocas históricas. As primeiras sessões atraíram estudantes de vários países, o que ainda hoje acontece. Procurou tornar novamente a sede internacional num centro para estudantes, organizando gradualmente a propriedade para esse objetivo.

 

Jinarâjadâsa apresentava sempre os seus pensamentos com uma perceção clara e delicada dos quadros que as suas palavras iriam criar nas mentes dos seus leitores. A sua mente tinha um forte pendor científico que foi visível no seu mais famoso livro, traduzido em muitas línguas, Princípios Fundamentais de Teosofia, e o seu interesse na Química Oculta, cuja terceira edição reviu, com cuidadoso carinho e publicou em 1951. Escreveu vários livros, alguns deles dedicados especialmente a crianças, com uma qualidade lírica como em I Promise, Release, The Wonder Child, etc.

Amante de Plantas, Animais e Crianças

As plantas florescem no seu próprio habitat e chegam mesmo a ser difíceis de contentar devido às suas exigências. Não abalado por estas considerações, para não mencionar as restrições vexatórias no transporte de plantas do ultramar, o Irmão Râjâ trouxe para Adyar várias centenas de espécies de sementes e plantas de locais distantes – México, Costa Rica, Brasil, Panamá – e a propriedade de Adyar tornou-se um jardim botânico com plantas e árvores raras, autóctones e exóticas. O Irmão Râjâ teceu quanto a isto um comentário característico:

 

"Existem pequeninas flores silvestres e grandes cultivos de rosas, lírios e lotus. Mas a perfeição da beleza da mais pequena flor silvestre não é inferior à beleza da mais bela rosa."

 

No ano do Jubileu de Prata da Sociedade Teosófica, o Irmão Râjâ concretizou a sua ideia de plantar rebentos de mogno para formar uma alameda que corresse desde o centro da propriedade com uma planta para cada Secção Nacional. Foi trazida terra dos respetivos países e colocada em covas preparadas para receber as plantas. Esta "Alameda dos Fundadores", que desde então tem sido expandida, é o símbolo de mais de cinquenta países do mundo que vivem unidos num só lugar – Adyar.

 

Também os animais recebiam a sua quota parte de carinho e simpatia, por parte do Irmão Râjâ. Sentia um fascínio especial por crianças, olhando-as como almas, não como lousas em branco sobre as quais escrever. Numa palestra proferida em vários locais na Europa e na América, deu ideias quanto ao bem estar da criança. Acreditava que o objetivo da educação é proporcionar a concretização do sentido interno da vida. Ao longo da sua carreira, o Irmão Râjâ também salientou a necessidade de se compreender o lugar da mulher no esquema da vida. Escreveu:

 

"Apesar de tanto as mulheres, como os homens, terem potencialidades iguais, embora de idiossincrasias diferentes, é pelo seu trabalho conjunto que cada um beneficia do outro. Quanto mais a mulher é realmente Mulher, maior é o benefício para cada homem que sente crescer nele novas potencialidades".

 

De forma simples, nos seus livros e palestras, as mais elevadas verdades eram tornadas claras para nós, por este famoso erudito e filósofo, artista e amante de plantas, animais e crianças, conhecido  e reverenciado em todo o mundo como o Irmão Râjâ.

Expoente de Arte e Beleza

O Irmão Râjâ era conhecido como um amante da Beleza e da sua expressão pelo homem – a Arte. A sua apreciação da Arte era multifacetada – exultava com a beleza que se encontrava na literatura, pintura, escultura, arquitetura, dança, teatro e, acima de tudo, na música, que ele considerava superior a todas as artes. Não se cansava de salientar a importância vital do lugar da arte na educação da criança e no crescimento de uma civilização. Um dos seus temas favoritos era a unidade essencial da Arte, Ciência, Religião e Filosofia. Foi Presidente da Associação Internacional de Artes e Ofícios, entre 1923 e 1927.

 

Como Autor

Jinarâjadâsa foi um dos mais importantes autores teosóficos e as suas obras – em número superior a cinquenta -  trataram de uma ampla variedade de questões relativas à religião, ciência, arte, ordem social e educação. Fez um estudo especial das cartas enviadas pelos Mahatmas, nos primórdios da Sociedade, ao Senhor A. P. Sinnett, como também a outros teósofos, tendo publicado dois volumes de Cartas dos Mestres de Sabedoria. A sua série de pequenos livros devocionais, especialmente Em Seu Nome, Flores e Jardins e O Mediador, são uma fonte de inspiração para milhares de leitores.

 

Jinarâjadâsa dirigiu o Manor Centre em Sydney, a partir de 1934, e foi Diretor da Biblioteca de Adyar durante vários anos. Em 1934, foi-lhe concedida pela Sociedade a medalha T. Subba Row, pelos seus escritos teosóficos. O seu Livro Dourado da Sociedade Teosófica, publicado em 1925, e que traça a história da Sociedade até àquela data, é um tesouro inestimável para os que desejem mergulhar nos primeiros tempos da Sociedade.

 

Um dos interesses especiais de Jinarâjadâsa foi "O Ritual da Estrela Mística" que delineou em 1917 e que ainda é executado em muitas Lojas e em vários países. Apresenta os ensinamentos essenciais das religiões maiores e a importância do trabalho feito com dedicação altruísta. Esta "Forma de Serviço para Adoração e Consagração", destinada ao público, possui uma especial qualidade elevada, irradiando paz e bençãos para o mundo.

 

Jinarâjadâsa morreu em junho de 1953, poucos meses depois de ter abandonado a Presidência da Sociedade. Alguns meses antes de morrer escreveu e entregou a um companheiro de trabalho o seguinte epitáfio:

 

"Ele amou as crianças, o mar,

Beethoven, o Anel de Wagner,

o Coro Hallelujah, 

e o seu Evangelho era Ruskin"

Este epitáfio sumariza a natureza do ardente trabalhador que se tornou Presidente, devido à sua grande aspiração de servir. Sempre humilde, impressionou os outros pelas suas múltiplas atividades, a sua dedicação e constante serviço para a Sociedade e o mundo. A gentileza da sua presença e extraordinária amplitude da sua mente tornaram a sua vida verdadeiramente notável.

 

 

Fontes

1.The Seventy-Fifth Anniversary Book of the Theosophical Society, Josephine Ransom, TPH, 2005.

2.Jinarâjadâsa Commemorative Issue, The Theosophist, Vol. 74, No. 11, August 1953.

3.‘A Poet’s Tribute to Mr C. Jinarâjadâsa’, The Theosophist, Vol. 74, No. 12, September 1953.

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Jinarajadasa

 

 

 

 

 

 

 

 

 

N. Sri Ram (1889 - 1973)

 

 

 

Nilakanta Sri Ram (1889–1973), quinto Presidente da Sociedade Teosófica entre 1953 e 1973, dedicou-se ao trabalho teosófico como jovem assistente da Dra. Besant. Esteve estreitamente ligado às suas atividades sociais, políticas, educativas, entre outras, e auxiliou-a na edição do New India, jornal diário que influiu na luta pela liberdade da Índia.

 

Como Presidente viajou e palestrou por todo o mundo. Escreveu extensamente sobre muitos assuntos, lembrando aos membros da Sociedade Teosófica, e a muitos outros, que o teste sobre ser-se uma pessoa religiosa reside na abertura da boa vontade e do amor pelos outros – independentemente das filiações religiosas – e no enfraquecimento do eu individual e das suas preocupações limitadas.

 

Primeiros Tempos

Sri Ram nasceu numa família teosófica, a 15 de dezembro de 1889, em Akhilandapuram, Tanjavur, Índia. Frequentou a Hindu High School, Madras (agora Chennai), tendo obtido o grau de Bacharel em matemática, na Universidade de Madras. Todavia, não completou o grau de Mestre pois, nessa altura, a Teosofia entrara na sua vida e estava totalmente empenhado no trabalho com a Dra. Besant. Mais tarde, associou-se estreitamente ao trabalho do Dr. Arundale e do Senhor Jinarâjadâsa, para a Sociedade Teosófica. Sri Ram iniciou a sua carreira na Sociedade Teosófica, como docente nas escolas teosóficas fundadas pela Dra. Besant, auxiliando-a, mais tarde, nas suas atividades jornalísticas. Seguiu-se o trabalho para a Home Rule e a Home Rule League. Foi um dos que ajudaram no projeto da Commonwealth of India Bill, apresentado no Parlamento Britânico, nos anos de 1920. Foi escolhido para servir de secretário particular da Dra. Besant, nos anos 1929-33, e, juntamente com o Senhor Jinarâjadâsa, cuidou dela, no período que antecedeu a sua morte. Foi um dos poucos que se encontrava à sua beira, quando ela expirou. A Senhora Besant amava-o como a um filho e num livro que lhe ofereceu, escreveu: "Sri Ram com amor e benção. Permanece firme até ao Fim". Referia-se a ele como "uma fonte abundante de informação exata, ao longo de muita adversidade".

 

Sri Ram gostava de trabalhar sossegadamente nos bastidores. Embora tivesse desempenhado todos os cargos em Adyar sob os três Presidentes, tendo sido Tesoureiro (1937-39), secretário arquivista (1939-41) e Vice-Presidente da Sociedade (1942-46), era pouco conhecido fora da Índia até cerca de um ano antes de ser eleito Presidente em Fevereiro de 1953. Quando a presidência de C. Jinarâjadâsa se estava a aproximar do fim, nomeou Sri Ram como candidato para o pesado cargo, descrevendo-o como a pessoa mais sábia que conhecia. Pela primeira vez na história da Sociedade um Presidente cessante instala o recém-eleito, passando-lhe a responsabilidade pessoalmente. Na altura em que se tornou Presidente já tinham sido publicados cinco livros de Sri Ram que cobriam todo o campo da Teosofia, expressa em linguagem moderna: Thoughts for Aspirants, The Human Interest, A Theosophist Looks at the World, An Approach to Reality and Man: His Origins and Evolution. O tema subjacente a estes livros é que ‘a verdade central da Teosofia é que existe uma Unidade por detrás de toda a diversidade’.

 

Presidente da Sociedade Teosófica

Sri Ram era amado pelos membros de todo o mundo, nunca impondo a sua personalidade ou os seus pontos de vista. Em Adyar, trabalhava horas intermináveis, mas sempre disponível para orientar membros e visitantes em questões relacionadas com a gestão, problemas pessoais, ou o extenso campo da Teosofia. Tinha uma perceção rápida do essencial, sobre qualquer assunto em discussão, e expressava o seu ponto de vista, com argúcia e sabedoria. Podia ser firme, mas sempre bondoso e tolerante. As suas respostas espontâneas a perguntas nas convenções e escolas de verão eram um primor de clareza, tato e largueza de compreensão.

 

Durante a sua presidência, Sri Ram encorajava uma atitude lançada para a frente e aberta para com a Teosofia e o trabalho da Sociedade Teosófica. Dava mais importância aos princípios do que aos detalhes e serviu de ponte entre a antiga ordem e a nova ordem. Paulatinamente, trouxe uma revolução discreta à Sociedade Teosófica – alargando e aprofundando a sua visão, libertando-a dos perigos de cristalização, preparando o solo para a sementeira das sementes do novo ciclo. O conceito de Teosofia e uma compreensão mais profunda de A Doutrina Secreta foram equilibrados pela erudição moderna, particularmente no campo da ciência e da sociologia.

 

Sri Ram nunca procurou publicidade ou projetou a sua personalidade. Esta qualidade refletiu-se na sua atitude para com a propriedade de Adyar, a qual considerava firmemente ser sobretudo um âsrama, um centro de paz no meio do mundo ruidoso, um foco tranquilo, através do qual as forças da harmonia pudessem irradiar livremente. Atualmente, por causa da utilização de carros e scooters na propriedade e porque está rodeada por habitações, estradas barulhentas e altifalantes, é mais difícil manter a atmosfera de âsrama, o que nos recomenda que façamos ao vivermos uma vida altruísta, dedicada aos ideais e ao trabalho da Sociedade.

 

A partir de 1946, Sri Ram viajou e palestrou para a Sociedade na Índia, Europa, Inglaterra, EUA, Austrália, Nova Zelândia, bem como na América do Sul e Central e África. Também viajou por toda a Índia, incluindo o atual Paquistão, Bangladesh, Birmânia e Sri Lanka. O que quer que dissesse, dizia-o com grande compreensão e afeto, tanto nas palestras, como nas muitas entrevistas privadas e conversas que tinha com as pessoas. As suas visitas provocavam uma influência profunda e duradoura, porque, por mais racional e intelectualmente convincente que o seu ensinamento fosse, também tocava profundamente os corações dos ouvintes com o seu próprio coração afetuoso e convicção clara dos valores percecionados, através da experiência pessoal. Plasmou nos seus escritos um pano de fundo da sabedoria oriental combinado com uma consciência aguda do pensamento e conhecimento modernos, bem como uma compreensão sensível dos problemas humanos. A sua especial beleza de estilo permitia-lhe veicular ideias profundas de forma lúcida e absorvente. Era um observador sensível e perspicaz do comportamento humano e dos acontecimentos mundiais. Através dos seus escritos e palestras, tocou praticamente em todos os aspetos da vida e atividades – incluindo a ética, comportamento, educação, paz, economia, justiça, ciência, arte e problemas governamentais.

 

Quando a Dra. Besant morreu, em 1933, a Sociedade Teosófica acabara de passar por um período crítico, talvez o maior de todos. Dizia-se que J. Krishnamurti deixara Adyar, e muitas centenas de membros, incluindo alguns trabalhadores muito ativos e personalidades proeminentes, abandonaram a Sociedade Teosófica. Durante alguns anos, foi fervendo uma crise latente, causada pela tensão entre duas forças distintas – uma a puxar para mais ocultismo e a outra, seguindo o apelo de Krishnamurti, para um esforço para uma fundamental mudança interior que se refletiria em todos os relacionamentos nas situações da vida diária.

 

O mais notável contributo de Sri Ram para o progresso da Sociedade Teosófica foi conduzi-la habilmente para fora da crise, o que não se verificou numa forma concreta de conflito visível, mas na natureza de uma dicotomia mental. Com sabedoria e delicadeza, Sri Ram dirigiu o pensamento e o interesse dos membros para questões mais profundas, longe da informação oculta e questões periféricas para o trabalho fundamental implicado nos objetivos da Sociedade Teosófica. Foi durante a sua presidência que, pouco a pouco, os membros espalhados pelo mundo começaram a aperceber-se de que a revolta de Krishnamurti não tinha sido um desastre para a Sociedade, mas um acontecimento benéfico.

 

É motivo de honra para Sri Ram o facto de, nos vinte anos da sua presidência, ele ter mudado toda a ênfase das perspetivas teosóficas. Ao voltar-se para o espírito dos Fundadores, confirmou a importância da total liberdade na investigação da vida espiritual e elevou o nível dessa inquirição de um pequeno horizonte pessoal para um largo âmbito de problemas relacionados com o destino do homem. Durante o tempo que ocupou este cargo, um trabalho importante e necessário foi o ímpeto dado à publicação de livros teosóficos nas línguas regionais. Como a Biblioteca se tinha expandido, foi erguido um novo e elegante edifício na Sede Internacional para albergar a Biblioteca e Centro de Investigação de Adyar. O trabalho da Editora Teosófica também cresceu rapidamente, exigindo a construção de um novo edifício para a Vasanta Press, bem como ser equipada com maquinaria adequada.

 

Congresso Mundial

Um acontecimento importante, que teve lugar em 1966, foi o Congresso Mundial, em Salzburgo, onde estiveram representadas Secções e Lojas/Ramos de todo o mundo. Sri Ram presidiu a este Congresso e a muitos outros Congressos e Convenções no decurso das suas viajens, sempre conduzindo os membros para as profundezas da Teosofia.

 

Faleceu a 8 de abril de 1973. O seu mais valioso legado talvez possa ser resumido nas suas próprias palavras:

 

"De todas as artes existentes, viver exige a mais elevada qualidade de inteligência, sendo a mais exigente. A experiência de viver é, ao fim e ao cabo, a experiência de uma natureza em nós que se expressa como beleza, como amor, como verdade".

 

 

Fontes

1.N. Sri Ram Commemorative Issue, The Theosophist, Vol. 94, No.9, June 1973.

2.N. Sri Ram Birth Centenary Commemoration Issue, The Indian Theosophist, Vol. 87, 6 &7, June-July 1990.

3.The Seventy-Fifth Anniversary Book of the Theosophical Society, Josephine Ransom, TPH, 2005.

4.The Handbook of the Indian Section, The Theosophical Society, Indian Bookshop, Varanasi, 2000.

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Sri Ram

 

 

 

 

 

 

 

 

 

John B. S. Coats (1906 - 1979)

 

 

 

John Balfour Symington Coats (1906–79) foi o sexto Presidente da Sociedade Teosófica, entre 1973 e 1979. Muito antes de ser chamado a desempenhar esta função, já havia impressionado o mundo teosófico, pelos laços de amizade que estabelecera com as pessoas, novas e velhas, por todo o mundo. Tendo ido praticamente a todos os psíses, em várias capacidades oficiais, onde quer que fosse, John Coats fazia amigos.

 

Para ele, nenhum sacrifício era demasiado pela causa teosófica, tão cara ao seu coração. A sua dedicação à Sociedade Teosófica empenhava-o incessantemente em trazer indivíduos e grupos para a Sociedade, sempre com uma camaradagem mais estreita. Isto ficou exemplificado no Congresso Mundial Centenário da Sociedad,e celebrado em Nova Iorque em novembro de 1975, em que participaram muitas unidades do Movimento Teosófico não associadas oficialmente à Sociedade Teosófica de Adyar. O seu conhecimento das línguas francesa, alemã, espanhola, bem como da inglesa, foi uma grande vantagem, durante as suas digressões de palestras em vários países.

 

Primeiros Tempos

 

John Coats nasceu a 8 de julho de 1906, na Escócia, tendo estudado no Eton College, em Inglaterra, entre 1918 e 1924. Mais tarde foi para França, para aprender francês, o que posteriormente o veio a ajudar no seu trabalho para a Sociedade Teosófica, na Europa. Trabalhou no negócio familiar durante cerca de cinco anos, três dos quais passou em Viena, onde estudou alemão. Foi em Viena, em 1932, que encontrou um estrangeiro, num café, que lhe falou da Teosofia, a qual "mudou virtualmente a minha vida". A filosofia tocou nele uma corda profunda de reconhecimento, tendo-se filiado na Sociedade Teosófica nesse mesmo ano. Antes disto tornara-se vegetariano e deixara de fumar e de beber álcool, como resultado da sua ligação ao Oxford Group Movement (mais tarde chamado Moral Rearmament). Casou com Elizabeth Ann (Betsan) Horlick, em 1933, e viajaram imenso juntos, divulgando a mensagem teosófica. Tiveram cinco filhos, um dos quais morreu na primeira infância.

 

A Sociedade Teosófica

Em 1935, Coats e a sua família foram para Adyar, para trabalhar com o então Presidente, George Sydney Arundale. Estabeleceram uma ligação estreita com o Dr. Arundale e com Rukmini Devi, durante quatro anos, acompanhando-os nas suas viagens a muitos países. Coats também estava envolvido na Federação Mundial de Jovens Teósofos, na qual o Dr. Arundale estava muito interessado.

 

Durante a Segunda Grande Guerra, John Coats passou um curto espaço de tempo no exército britânico, mas ao ter ferido um joelho, num acidente de motociclo, foi considerado inválido. Isto libertou-o para prosseguir com o trabalho teosófico e, de 1941 a 1946, foi Secretário Geral da Secção Inglesa da Sociedade. Os anos de guerra foram difíceis, "mas também cheios de oportunidades em circunstâncias muito pouco comuns", como Coats refere. Como Jinarâjadâsa estava em Londres, nesses anos, também entrou em contacto com ele. Em 1946, John e Betsan Coats passaram a proferir muitas conferências para a Sociedade, durante três anos, nos EUA, Canadá, México e Cuba. John Coats foi eleito Secretário da Federação Europeia das Sociedades Teosóficas, em 1953, que incluíam mais de vinte países. Teve de viajar extensamente, programando Escolas de Verão, visitando Ramos, alguns dos quais raramente foram visitados.

 

Em 1952, o casal Coats ajudou ativamente na reabilitação de milhares de deslocados a viverem em campos na Europa, através de uma organização chamada Wings of Friendship, fundada pela Senhora Coats. Combinavam as visitas aos Grupos Teosóficos, com visitas a estes campos, na Alemanha, Áustria, Itália e Grécia. Foi um período extremamente ocupado.

 

A Federação Europeia

John Coats tornou-se Presidente da Federação Europeia, em 1959, função que manteve até 1968. Durante este período, visitou várias vezes a Índia, e também a América do Sul, os Estados Unidos, a Austrália, bem como outros lugares, tais como Israel e África. Por duas vezes, organizou um voo charter à Índia, para a Convenção de Adyar. Em 1966, Sri Ram pediu-lhe que organizasse o Congresso Mundial em Salzburgo, Áustria, no qual participaram mais de mil membros de todo o mundo. O último Congresso Mundial havia tido lugar vinte anos ante, em Genebra, Suíça.

 

Quando Sri Ram era Presidente, pediu a John Coats que fizesse tudo o que pudesse pela Ordem Teosófica de Serviço, ao que ele anuiu. A juventude de todo o mundo gostava de se reunir à volta de Coats e ele apercebeu-se da importância de os trazer para a Sociedade Teosófica, com vista ao seu futuro bem-estar. Em 1962, tornou-se Presidente da Federação Mundial de Jovens Teósofos, depois da aposentação de Rukmini Devi Arundale; mas, em 1974, passou a presidência para as mãos de um membro jovem.

 

Presidente da Sociedade Teosófica

Em 1973, após a morte de N. Sri Ram, John Coats foi eleito Presidente da Sociedade. Continuou a viajar extensamente, servindo de embaixador da Teosofia, para muitos, fora das fileiras da Sociedade. Estava firmemente convicto de que a Sociedade devia ir ao encontro do público e cooperar com organizações afins para promover a causa da fraternidade e o desenvolvimento humano. Sempre que possível aceitava a oportunidade de se encontrar com gente e participar em programas organizados por uma ampla variedade de organismos. Também encorajou a publicação de literatura que apresentasse os princípios teosóficos de forma apelativa, a pessoas de diferentes temperamentos e preparação. Além disso, estabeleceu o Centro de Juventude Teosófica, em Adyar, para estimular e coordenar o trabalho dos jovens e daqueles com coração jovem.

 

John Coats, como Presidente da Sociedade Teosófica, tornou-se Chefe ex-officio da Ordem Teosófica de Serviço. Escreveu, em 1973, o seguinte:

 

"Penso que devemos ser ativos no serviço da fraternidade, de uma ou de outra forma, bem como estar sempre preocupados em disponibilizar as ideias teosóficas ao mundo. É para o mundo que devemos dirigir o nosso esforço, não apenas para os nossos grupos".

 

Como editor de The Theosophist, admitia não dirigir a revista a  nenhum grupo em particular. Desejava oferecer artigos, com alguma profundidade, ao estudante mais empenhado, mas também artigos "mais leves", mais apelativos. Sentia que, sem comprometer o seu ensinamento único, a Sociedade devia estar tão aberta quanto possível a novas ideias sobre religião, filosofia e novas descobertas científicas. Considerava a revista The Theosophist um meio potencialmente poderoso para atrair a atenção do público para a Sociedade e para o amplo corpo de verdades conhecido como Teosofia.

 

Últimos Dias

A partir do mês de novembro, durante o seu sexto ano de presidência, John Coats sofreu ataques cardíacos. Morreu em 26 de dezembro de 1979, no dia de abertura da Convenção anual em Adyar.

 

Fontes

1.Adyar Newsletter, Nov. 1979–Jan. 1980/Feb.–Apr. 1980 (combined issue).

2.Biographical notes from the Theosophical Society Archives.

3.President’s Inauguration 1973, Reports of Speeches.

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John Coats

 

 

 

 

 

 

 

 

 

RADHA S. BURNIER (1923 - 2013)

Radha Burnier exerceu o cargo de Presidente da Sociedade Teosófica durante cinco mandatos, tendo sido eleita como sétimo Presidente, em 1980. Antes disso, servira a Sociedade em várias outras funções, durante mais de trinta anos. Tendo obtido o grau de Mestre em sânscrito, na Benares Hindu University, supervisionou o trabalho de investigação e publicação da Biblioteca e Centro de Investigação de Adyar, como diretora, de 1959 a 1970. Era também um conhecido expoente da dança clássica indiana.

 

A Senhora Burnier proferiu palestras por todo o mundo, sobre tópicos teosóficos e culturais. As suas palestras e escritos são conhecidos pela clareza de pensamento e profundidade de visão. A Universidade Nagarjuna, Índia, conferiu-lhe um Doutoramento honorário, em Literatura, em 1984, pelo seu trabalho na promoção do ensino e de valores.

 

Primeiros Tempos

Radha Burnier nasceu em 15 de novembro de 1923, na Sociedade Teosófica, em Adyar, Chennai, numa família teosófica. Era filha de N. Sri Ram, que fora o quinto Presidente da Sociedade Teosófica. Seu avô, A. Nilakanta Sastri, engenheiro civil de profissão e um erudito em sânscrito, foi um dos primeiros membros da Sociedade, muito inspirado pelos Fundadores da Sociedade, quando estes chegaram à Índia e a Madras.

 

Em criança, a Senhora Burnier frequentou a National Girls’ High School, uma das várias escolas fundadas por teósofos, com o objetivo de inculcar nos seus alunos a cultura indiana e os valores tradicionais. Estudou dança clássica indiana na Kalakshetra, Academia de Arte, no campus da Sociedade Teosófica, entre 1938 e 1944, participando em vários espetáculos, ao mesmo tempo que se preparava para os seus graus universitários BA e MA. Durante este tempo, permaneceu ativa na sede nacional da Secção Indiana em Varanasi, tendo trabalhado como bibliotecária da Secção. Foi uma brilhante universitária, tendo-lhe sido atribuído o primeiro lugar no nível MA pela Benares Hindu University. Desempenhou um papel importante no filme clássico do realizador Jean Renoir O Rio, em 1948. Contudo, deixou as atividades nesta área, à medida que ia crescendo o seu trabalho para a Sociedade Teosófica.

 

Trabalho para a Sociedade Teosófica

Radha Burnier tornou-se membro da Sociedade em 1935, sendo ainda criança, e a partir de 1945 envolveu-se ativamente nas suas várias atividades. Foi Presidente da Loja de Jovens, da Loja Adyar e da Federação Teosófica de Madras, sucessivamente. Foi Secretária da Associação Cultutal de Varanasi. Entre 1954e 1959, foi Diretora Adjunta da Adyar Library e Research Centre, fundada pelo Coronel Olcott, uma das mais avançadas instituições indológicas do mundo e, entre 1959e 1980, Diretora desta prestigiada instituição. Enquanto Diretora, editou a revista Brahmavidya do Centro de Investigação, supervisionando as suas publicações. Também traduziu várias obras em sânscrito, tais como Hatha-yoga-pradipika, um conhecido manual sobre Hatha Yoga, e o capítulo sobre dança no Samgita-ratnâkara, obra clássica sobre música e dança. Continuou a fazer parte do quadro editorial da revista anual da Biblioteca sobre Indologia e editora, até à sua morte, da revista mensal da Sociedade Teosoófica, The Theosophist.

 

Radha Burnier foi Secretária Geral da Secção Indiana durante dezoito anos (1960-78), cargo que desempenhou com distinção. Proferiu palestras por toda a Índia e no estrangeiro, em simultâneo com o trabalho de responsabilidade administrativa para a Secção Indiana, partilhando também no trabalho administrativo de Adyar. Foi Administradora da Besant Theosophical School e da Theosophical School, colégio e hostel para raparigas, em Varanasi (1960-72). Foi eleita para o cargo de Presidente Internacional em 1980, orientando o trabalho da Sociedade em todo o mundo. Profunda estudante da filosofia teosófica e muito versada na cultura oriental, divulgou ativamente as ideias teosóficas pelo mundo, com especial ênfase no viver quotidiano e na "regeneração humana". Fundou o New Life for India Movement (1968), cujo objetivo era criar uma consciencialização, na juventude indiana, da cidadania correta, dos valores corretos e dos meios corretos. A sua revista é Wake Up India. Passou a ser membro do Conselho Geral da Sociedade, desde 1960, membro do seu Comité Executivo, a partir de 1957, e membro do Comité Administrativo da Propriedade de Adyar, desde o seu início em 1960. É claro que Adyar ocupava um lugar especial no seu coração, não só por ali ter nascido, mas também porque conhecia intimamente todo o espaço, procurando mantê-lo belo e sereno.

 

Presidente da Sociedade Teosófica

Radha Burnier foi eleita como sétimo Presidente Internacional da Sociedade Teosófica, em 17 de julho de 1980. A partir de então foi sendo reeleita até ao seu quinto mandato, em 2008. Viajou extensamente, em prol do trabalho teosófico, proferindo conferências e palestras para membros e público em geral, inspirando todos quantos assistiam a levarem uma vida mais nobre e elevada, como realidade primeira. As suas vastas digressões de palestras levaram-na a todos os continentes. Os seus programas centravam-se na reflexão e inquirição meditativa quanto aos problemas mais profundos da vida. Foi também Presidente de vários centros teosóficos nos EUA, Austrália, Holanda, etc.

 

Um acontecimento memorável durante a Presidência de Radha Burnier foi ter renovado o contacto entre a Sociedade Teosófica e Krishnamurti. Ele conhecera Radhaji, como lhe chamava, desde a sua juventude, em Adyar, sendo ela criança. Os dois filhos de Sri Ram, Radha e o irmão Vasant , eram visitas regulares no campo de ténis onde Krishnaji costumava jogar e, por vezes, visitavam o seu apartamento. Krishnamurti tratou-a sempre com muito afeto e disse que se ela fosse eleita Presidente da Sociedade Teosófica, ele iria à Sociedade, o que ele fez, tendo sido calorosamente acolhido pelos residentes e outros que viviam perto. Esta primeira visita teve lugar a 3 de novembro de 1980, sendo seguida por outra visita em dezembro de 1980, durante a qual ele plantou uma árvore Bodhi, que desde então cresceu belamente. Sempre que estava em Chennai, depois de 1980 e até à sua morte, vinha passear na praia de Adyar em frente à Sociedade Teosótica. Existem relações cordiais entre os membros da Fundação Krishnamurti e os membros da Sociedade Teosófica.

 

Muitos melhoramentos foram feitos durante a presidência da Senhora Burnier. A Olcott Memorial School, que estava a definhar, tornou-se conhecida como uma das melhores escolas para crianças desprotegidas do Estado de Tamil Nadu. O Dispensário Animal passou a estar sob o controlo total da Sociedade Teosófica e oferece tratamento diário a mais de trinta animais. O Social Welfare Centre cuida de cerca de cem crianças, com alimentação gratuita, roupa, educação pré-escolar, etc., enquanto o hostel HPB oferece alojamento a vinte e cinco, ou mais, rapazes necessitados.

 

Também se envidaram esforços constantes, no sentido de oferecer melhores condições e alojamento conveniente aos delegados às convenções internacionais anuais. Construções como a sala de jantar de Leadbeater Chambers e o espaço de alojamento no primeiro andar  encontravam-se entre o muito que havia a modernizar na propriedade, durante a presidência de Radha.

 

Atividades de Beneficência

De acordo com Radha Burnier, "a filosofia que subjaz à Teosofia tem de permanecer relevante para as questões do tempo atual". Daí o facto de estar ativamente envolvida em organizações orientadas para o serviço, que lidem com a educação, bem-estar animal, vegetarianismo, questões ambientais, etc. Foi Presidente da Besant Education Fellowship, Varanasi e da Olcott Education Society, Adyar. Esta última dirige uma escola secundária gratuita, chamada Olcott Memorial School (iniciada em 1894), para mais de setecentas crianças desfavorecidas das aldeias piscatórias locais, o hostel HPB e o Social Welfare Centre da Sociedade Teosófica, o qual supre as necessidades de cento e cinquenta crianças desfavorecidas em idade pré-escolar. Foi membro da Direção da Olcott Memorial School, desde 1959, e seu Presidente, a partir de 1980.

 

Foi, também, Presidente Internacional da Ordem Teosófica de Serviço (OTS), que está ativa em todo o mundo. A Ordem Teosófica de Serviço, fundada por Annie Besant, em 1908, é agora uma organização internacional que oferece a oportunidade de participação em atividades que promovam o Primeiro Objetivo da Sociedade Teosófica:

 

"Formar um núcleo da Fraternidade Universal da Humanidade sem distinção de raça, credo, sexo, casta ou cor".

 

Está ativa em vários países, por todo o mundo, e em muitas Lojas/Ramos da Sociedade Teosófica. Inclui muitos campos de serviço: serviço informativo, serviço social, treino vocacional, cidadania, paz mundial, bem-estar animal, serviço de cura, educação, auxílio, reabilitação e meio ambiente. Radha Burnier sempre encorajava a atenção para com a tremenda situação dos animais e a necessidade de uma ação adequada. Afirmou:

 

"A Ordem Teosófica de Serviço foi fundada em 1908 para que o imenso sofrimento no mundo pudesse ser, pelo menos, um pouco reduzido e, ao mesmo tempo, para ajudar os que nela trabalham, a aprenderem, através do seu serviço e da atenção que prestam à qualidade do seu trabalho, a purificarem a mente".

 

A Ordem Teosófica de Serviço mostrou-se à altura, quando o tsunâmi se abateu na costa oriental do sul da Índia,em 26 de dezembro de 2004, causando extensa destruição e perda de vidas, com inúmeros desalojados e sem meios. A Ordem Teosófica de Serviço da Região de Chennai lançou-se em ação, distribuindo ajuda aos afetados, chegando mesmo a voar para as Ilhas Andaman. Foi imediatamente recebida ajuda monetária da Ordem Teosófica de Serviço das regiões da Índia, bem como de todo o mundo. Foram instalados três equipamentos de osmose reversiva para fornecerem água potável em algumas das aldeias mais afetadas. Foi contratada uma reputada organização de serviço social para a sua manutenção e gestão. Tudo isto e muitas outras atividades foram levadas a cabo em todo o mundo, sob a eficaz liderança de Radha Burnier que permanecia indómita frente a qualquer crise.

 

A Senhora Burnier foi nomeada Presidente da Sociedade Ambiental, Chennai, que promovia  e apoiava a manutenção do equilíbrio ecológico, plantando mais árvores e lutando por causas em nome de um meio ambiente belo. Assim, deu a tónica à necessidade dos membros de todo o mundo se consciencializarem do objetivo essencial da Sociedade – a regeneração humana – e à necessidade de que descubramos a dimensão prática e a importância de cada princípio fundamental teosófico.

 

Radha Burnier prosseguiu as suas digressões na Índia, falando a membros e ao público em geral, sobre a importância dos ensinamentos teosóficos, no mundo atual. Os deveres de Presidente da Sociedade Teosófica cobrem vários campos e exigem uma abordagem holística das questões correntes mundiais. Numa alocução em Adyar, quando foi eleita para um segundo mandato, em 1987, disse o seguinte:

 

"O elo que mantém unida a Sociedade e a aproximação que a maior parte dos membros sente entre si, apesar de diferenças exteriores de cultura e de formação, é muito subtil. Surge de uma preocupação partilhada pelos valores da vida e a consciência de que esses valores estão na base do despertar espiritual. Uma das funções do Presidente da Sociedade Teosófica é estar atento para que o trabalho da Sociedade aprofunde este sentido de unidade e que ela influencie fortemente os seus membros, para uma vida que encerre os mais nobres valores. Esta tarefa não é de todo fácil e ninguém poderá reivindicar êxito completo. Longe disso. Mas o importante é prosseguir com o trabalho, com fé firme. O mundo move-se, inevitavelmente, mesmo que pareça demasiado devagar, para a consecução da unidade e da fraternidade. A humanidade imperfeita está destinada a despertar para uma verdade maior e haverá alguns que ajudarão a revelá-la. Só esses merecem ser tidos como "teósofos".

 

A Senhora Burnier procurou, através de um esforço permanente, elevar a conciência humana a níveis mais elevados, ao longo dos trinta e três anos da sua presidência da Sociedade Teosófica.

 

 

Fontes

1.‘An Open Letter Regarding the Election of International President’, Joy Mills, California, USA, 1980.

2.‘A Second Term of Office’, Radha Burnier, The Theosophist, Vol. 108, No.11, August 1987.

3.'The Theosophical Society — Historical Review', Theosophical Study Paper No. 8, Australia, 2006.

4.Theosophy in Australia, March 2002.

5.‘Man, what women!’, Network, April 1990.

6.'On the Watch-Tower’, Radha Burnier, The Theosophist, Vol. 116, No. 3, December 1994.

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Radha Burnier

 

 

                          

 

 

 

 

 

 

TIM BOYD

 

 

 

Tim Boyd exerce o cargo de Presidente internacional da Sociedade Teosófica de Adyar desde abril de 2014. Nasceu na cidade de Nova Iorque, onde viveu durante dezassete anos, até ter de a deixar, para frequentar a Brown University em Providence, Rhode Island. Dali transferiu-se para a Universidade de Chicago, onde se licenciou, com distinção, com o grau de Bacharel em Humanidades em Negócios Públicos. Tornou-se membro da Sociedade Teosófica Americana em 1974. Juntamente com Bill Lawrence, membro e mentor da Sociedade Teosófica, e outros, fundou uma comunidade espiritual teosófica, no interior da cidade de Chicago. O grupo organizava classes sobre Sabedoria Eterna, meditação e cura. Trabalhavam com jovens em risco e desfavorecidos, transformavam lotes abandonados em jardins de alimentos orgânicos premiados e colocavam colmeias nos telhados de prédios locais. O grupo organizou um negócio (Royal Associates) que inicialmente se focava na restituição e renovação de prédios residenciais deteriorados, na sua área, criando habitações para famílias de rendimento baixo ou médio. O seu trabalho ajudou a estabilizar vizinhanças, não só através do treino e emprego da juventude local, mas também através da criação de casas compatíveis para os residentes locais.

 

Em 1988, Tim tornou-se conferencista nacional da Sociedade Teosófica na América. Entre 1996 e 2000, trabalhou, como vountário, em asilos, numa equipa que envolvia médicos, assistentes sociais e enfermeiros. Em 2007, tornou-se Presidente da Ordem Teosófica de Serviço (OTS), EUA, e foi eleito Presidente da Sociedade Teosófica na América, em 2011. O envolvimento de Tim na Ordem Teosófica de Serviço e no orfanato Chushul, no Tibete, levaram a uma audiência com o Dalai Lama, o que veio a resultar no facto de a Sociedade Teosófica na América patrocinar visita do Dalai Lama, a Chicago, em Julho de 2011 – um evento de dois dias, ao qual assistiram dez mil pessoas. O evento rendeu $400,000, cuja soma total foi doada a projetos educativos de auxílio a comunidades tibetanas no mundo. Em 2014, Tim foi reeleito Presidente da Sociedade Teosófica na América, tendo sido igualmente eleito Presidente da Sociedade Teosófica de Adyar. Atualmente, divide o tempo entre a sede da Sociedade Teosófica em Adyar, Chennai, Índia,  e a sede nacional da Sociedade Teosófica Olcott, em Wheaton, Illinois, EUA, onde vive com a sua mulher, Lily e a sua filha Angelique.

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Tim Boyd
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