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Sociedade Teosófica de Portugal

Dia do Lótus Branco


Lótus Branco

Lótus Branco! Flor de magia e de mistério, que desdobras através dos elementos da matéria física todo o maravilhoso simbolismo da Alma Humana!

Como Ela, tu vais buscar à terra, penosamente, numa luta laboriosa e oculta de todos os momentos, no trabalho incessante das tuas raizes, o sustento da planta grosseira e informe que há de fender as águas, conquistar o ar livre, abrir-se em largas folhas ao esplendor do sol e desabrochar por fim, em pleno espaço, livre, radiosa, imaculada e linda!

E quando a tua corola se debruça na superfície dos lagos espelhados, as pétalas de neve que balançam na brisa a sua alvura sem mancha, para sempre perderam a memória do lodo, onde as tuas raízes se revolvem e afundam, na ânsia de colher para ti a pura essência da vida que te anima.

Os teus estames de oiro, espiritualizados de fecundo pólen, elevam para Deus, na catedral azul das águas mansas, a sua aspiração religiosa, toda banhada de paz e de silêncio.

Através dessa haste flexível que te ergue da terra para o céu, da treva para a luz, da vasa negra e corrupta para a brisa balsâmica dos lagos; através do canal que te liga com as humildes raizes que te dão vida e sustento, elas te enviam o que de melhor e de mais puro sabem colher no coração da terra, ó Nenúfar Sagrado, Lótus Branco simbólico, pureza toda feita de lama, radiação toda feita de sombra, esplendor todo feito de vasa!

É assim a Alma Humana, ó Lódão Sagrado! É assim como tu - a flor radiosa e esplêndida, toda emanada de podridão da terra e da miséria que late no fundo viscoso dos lameiros.

Somos nós as raizes, que buscamos ansiosamente, cá em baixo, na sombra, as essências mais puras do Pensamento e da Emoção, para com elas gerar, desenvolver e expandir a flor preciosa e excelsa, o o "Lótus Branco" da nossa Alma Espiritual.

Erguendo-nos pela força omnipresente do Espírito, desde a lama até ao céu, desde o fundo dos pântanos até aos pés de Deus, aproveitemos a maravilha desta portentosa ascenção para lhe suplicar uma esmola de Paz a derramar sobre todas as coisas.

In A Poesia do Espírito / Lisboa 1958

Félix Bermudes (1874-1960)

(Secretário-Geral e Vice-Secretário-Geral da Sociedade Teosófica de Portugal, em períodos de tempo alternados, entre 1944 e 1960)


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